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FORA DE ÓRBITA- Luiz Otávio Oliani

Estamos diante de um livro maduro, que sugere profunda reflexão. Necessário se faz, pois, sairmos da “órbita” que nos impõe o “confinamento” e nos “impede a vista da liberdade”. Nada de versos românticos, melosos. Olhos atentos para o que está ao redor. Indignação. Uma possibilidade de atravessar o tempo. Tempo-hoje, cotidiano, que está sempre correndo, inconformado. Tempo que transita no ir e vir, onisciente. Tempo que limita o ser humano entre o nascer e a morte. Vida que “pulsa em hiatos”. Morte que “não é daltônica”. Crença na eternidade, que tem como “passaporte” o verso. “Verso a burilar os homens”. Verso-soco-no-estômago. Verso-arte. Arte que aproxima o artista de Deus, por participar “ainda mais claramente do Poder Criador do Pai”, como disse Dom Hélder Câmara, em “O deserto é fértil”. Mas se o poeta está sentado à “sombra de Deus”, seria mesmo, para o autor, uma “inútil tentativa de ser Deus por um minuto”?
Luiz Otávio Oliani faz sua “oferta de palavras e não de peixes”. Impregnadas de poiesis, fortes e concisas, as palavras saltam dos versos, sacudindo o leitor: “a eternidade tem pressa enquanto o homem nunca sabe esperar”, mas “quem se indigna diante de quem sangra?”, “carpe diem enquanto há tempo, os coveiros nem se importam em repetir o seu ofício”. Até a sensualidade tem “efêmero prazer fundido em pedra”. Mas é “tarefa difícil desfazer a mó de pedra”.
A poesia deve ser “alinhavo”, sem pontos definitivos, pronta para novas costuras interpretativas. Assim, “Fora de órbita”, convida a uma viagem em torno da palavra, percorrendo o universo de signos e significados. Uma obra rica, digna de atravessar os próximos séculos.

Teresa Drummond
Orelha a “Fora de órbita”, Editora da Palavra, Rio de Janeiro, 2007.

LUIZ OTÁVIO OLIANI cursou Letras e Direito. É professor e escritor. Publicou 23 livros, sendo 10 de poemas, 5 de contos, 3 peças de teatro, 3 infantis, 1 livro de crônica e 1 livro de crítica literária e ensaios. Participa de mais de 400 livros coletivos. Consta em mais de 700 jornais, revistas, alternativos. Em 2017, a convite de Mariza Sorriso, representou o Brasil no IV EPLP (Encontro de Poetas da Língua Portuguesa) em Lisboa. Recebeu o título de “Melhor Autor Apperjiano 2019”, em reconhecimento no conjunto da obra em verso, prosa e drama. Desde 2020, é o Diretor de Comunicação Social da APPERJ (Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro). Foi citado como poeta contemporâneo no livro História da literatura brasileira: Da carta de Caminha aos contemporâneos, Carlos Nejar, 4ª edição, revista e ampliada, São Paulo, Noeses, 2022. Em 26 de novembro de 2024, a Academia Luso-Brasileira de Letras instituiu o Prêmio Luiz Otávio Oliani na categoria Minicontos, sendo o concurso anual a partir dessa data. Recebeu mais de 100 prêmios literários. Possui textos traduzidos para inglês, francês, italiano, alemão, espanhol, holandês, romeno e chinês.

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