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A ETERNIDADE DOS DIAS – Luiz Otávio Oliani

Com A eternidade dos dias, Luiz Otávio Oliani compara o processo de escritura à própria existência se fazendo eterna. No poema que fecha o livro, o autor nos conduz ao vazio que o eterno nos mostra, não podendo, portanto, ser medido pela lógica racional. A “eterna imaginação” das palavras nos leva à força do imaginário que é eterno como uma “orquestra”, elevando-nos pelo ritmo e pela música. Seus versos secos, como descreve sua poesia, “não deixa rastros”, pois não tem enfeites ou coloridos artificiais. O poeta, qual “operário” faz seus versos com precisão, construindo o espaço da liberdade a partir de “palavras rebeldes” que não se deixam conter pelo excesso. A linguagem é de contenção e não de excesso, mas o seu contido se afoga no abismo, no eterno e no vazio do sem-limite da expressão poética. Sem “lágrimas” e sem “águas” que “lavam o poeta” seu estilo seco e contido é de uma riqueza extraordinária. Em Epitáfio, “o verbo contido” traduz o máximo a partir do mínimo que a experiência da morte expressa, pois a contenção é sua reserva de poetar. O espaço do sagrado também se faz presente, alimentando como hóstia seus seguidores: “o poema também alimenta”. Neste livro, o domínio da escritura ultrapassa a própria dimensão do sagrado, pois “o poeta escreve” enquanto “Deus se cansa de acariciar o vento”. Portanto, sua poesia, ao mesmo tempo livre e contida, cria um paradoxo rico que vai deixar marcas para as gerações futuras. Alexandra Vieira de AlmeidaDoutora em Literatura Comparada (UERJ)Orelha ao livro “A eternidade dos dias”, Editora da Palavra, Rio de Janeiro.

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